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Menores estoques em 10 anos e atraso na safrinha: Milho tem mercado sustentado no BR e no mundo
Notícia
Publicado em 14/02/2025

Os atrasos que vão marcando o início da safrinha 2025 de milho no Brasil podem agravar ainda mais o cenário já apertado dos estoques globais do grão, os quais estão em suas mínimas em dez anos. Em seu último boletim mensal de oferta e demanda, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) cortou três milhões de toneladas dos estoques finais globais de 293,34 para 290,31 milhões. 

Os estoques menores, reflexos também de uma produção menor, são consequência de produções menores estimadas, entre outras origens, no Brasil e na Argentina. Ambos os países perderam um milhão de toneladas em suas estimativas de safras, as quais passaram a 126 milhões e 50 milhões de toneladas, respectivamente. 

Segundo os especialistas do USDA, o fluxo do comércio global diminui nos mês passado, com exportações menores sendo registradas em fornecedores importantes como o Brasil e a Ucrânia, além de importações da China também menores, na ordem de três milhões de toneladas. Apesar disso, as referências de preços do cereal subiram em todas as principais origens fornecedoras, movimento que se observa já desde o relatório do USDA de janeiro. 

Importações de milho da China - USDA
Importações de milho da China - Gráfico: USDA

Em um mês, os preços do milho no Brasil, base porto de Paranaguá, subiu de US$ 225,00 para US$ 244,00 por tonelada e teve 118% de alta em relação a fevereiro do ano passado; na Argentina, Up River, avanço de US$ 214,00 para US$ 232,00 de janeiro a fevereiro e alta de 16% na comparação anual; na Ucrânia, o preço foi de US$ 218,00 a US$ 227,00 em um mês e subiu 31% em um ano; e nos EUA, de US$ 214,00 para US$ 226,00  de janeiro a fevereiro e registrando 14% de avanço em relação a fevereiro de 2024. 

Preços do milho - USDA
Preços do milho no mercado internacional - Gráfico: USDA
E este desequilíbrio entre oferta e demanda, criando um déficit histórico neste momento, que tem atuado como o driver central dos preços no mercado global. "O mercado continua cauteloso perante ao aperto nos estoques globais e a forte competitividade do milho americano na exportação", afirmam os analistas de mercado da Agrinvest Commodities.

Os números do USDA de vendas semanais informados nesta quinta-feira (13) mostram que o país já comprometeu 46,415 milhões de toneladas do grão com as exportações - de uma estimativa total de mais de 62 milhões para a temporada -,um volume bem maior do que no mesmo período do ano passado. 

"O programa de milho continuará crescendo. Além dos preços competitivos do milho americano na exportação, o clima ruim já trouxe expressiva redução no potencial produtivo do milho na Argentina. O atraso na colheita de soja no Brasil já reflete em atrasos nos plantio do milho safrinha. E assim é possível que a entrada do milho ocorra mais tarde nesta temporada do Brasil, alongando o programa de exportação dos EUA", complementa a Agrinvest. 

Os relatos de produtores rurais dão conta de que as chuvas voltaram a chegar em pontos do Centro-Oeste e do Matopiba, o que continuam mantendo lento o ritmo do plantio da segunda safra de milho. Atraso no plantio, consequentemente, atraso na colheita. Assim, ainda como explicam os analistas, a colheita mais tardia esperada para esta segunda safra "pode resultar em um aperto nos estoques de milho ao final do primeiro semestre e isso fundamente a alta do contrato maio/25 na B3". 

Desde o começo deste ano ao fechamento do mercado nesta quinta-feira (13), os futuros do milho negociados no mercado futuro brasileiro - na B3 - subiram de forma expressiva. O contrato maio lidera os ganhos, com alta de 5,82% - de R$ 72,53 para R$ 76,75 por saca -, enquanto o julho saltou 4,29% de R$ 69,85 para R$ 72,85, enquanto o setembro subiu 3,70%, saindo de R$ 70,20 no início de janeiro para R$ 72,80. 

E não é só o clima que preocupa para o desenvolvimento da safrinha. Como explicou Cristiano Palavro, diretor de Pátria Agronegócios, os atrasos na entrega dos insumos para a segunda safra de milho. "Temos escutado cada vez mais relatos de problemas na entrega de abudos e isso complica ainda mais um processo que já está atrasado. Fizemos nossa atualização dos números de milho com uma redução de quatro milhões de toneladas na safra total de milho", diz. 

Palavro detalha o cenário para a safra de verão pontuando sobre uma redução na área da safra de verão nos dois maiores produtores - Rio Grande do Sul e Minas Gerias - em relação ao ano passado, e com números menores de área também apara a segunda safra. "Não vamos conseguir colocar no chão tudo aquilo de planejamento até o final de 2024". 

Com isso, o mercado de milho segue muito sustentado, "seja no disponível, seja nos contratos para a segunda safra, e essa questão logística preocupa, porque a entrega dos insumos em sido difícil em algumas regiões", conclui Cristiano Palavro. 

Por:
 Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte:
 Notícias Agrícolas
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