Por Andrew MacAskill e Andrea Shalal
TURNBERRY, Escócia (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estabeleceu um novo prazo nesta segunda-feira, de 10 ou 12 dias, para que a Rússia faça progressos no sentido de acabar com a guerra na Ucrânia ou enfrente as consequências, ressaltando a frustração com o presidente russo, Vladimir Putin, em relação ao conflito que já dura 3 anos e meio.
Trump ameaçou impor sanções à Rússia e aos compradores de suas exportações, a menos que haja progresso. O novo prazo sugere que o presidente dos EUA está preparado para avançar com essas ameaças, depois de ter hesitado em fazê-lo anteriormente.
Falando na Escócia, onde estava realizando reuniões com líderes europeus e jogando golfe, Trump disse que estava desapontado com Putin e encurtando um prazo de 50 dias que ele havia estabelecido sobre a questão no início deste mês.
"Vou estabelecer um novo prazo de cerca de... 10 ou 12 dias a partir de hoje", disse Trump a repórteres durante uma reunião com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. "Não há motivo para esperar... Simplesmente não vemos nenhum progresso sendo feito."
Não houve nenhum comentário imediato do Kremlin.
Em uma publicação no X, o ex-presidente russo Dmitry Medvedev, um aliado próximo de Putin, disse que Trump estava fazendo "um jogo de ultimatos" que poderia levar a uma guerra envolvendo os EUA.
Medvedev escreveu: "Cada novo ultimato é uma ameaça e um passo em direção à guerra. Não entre a Rússia e a Ucrânia, mas com o próprio país (de Trump)".
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, elogiou a declaração "particularmente significativa" de Trump como oportuna na tentativa de avançar para um acordo de paz.
"Postura clara e determinação expressa pelo @POTUS - bem na hora certa, quando muita coisa pode mudar por meio da força para a paz real", escreveu Zelenskiy no X.
"Agradeço ao presidente Trump por seu foco em salvar vidas e acabar com essa guerra horrível", disse Zelenskiy.
A Ucrânia, disse ele mais tarde em seu discurso noturno em vídeo, tem defendido sanções mais duras como um "elemento-chave" para acabar com a guerra.
"A Rússia presta atenção às sanções, presta atenção a essas perdas", disse ele.
Trump, que também tem expressado seu descontentamento com Zelenskiy, nem sempre seguiu o discurso duro sobre Putin com ações, citando o que ele considera um bom relacionamento que os dois homens tiveram anteriormente.
Nesta segunda-feira, Trump indicou que não estava interessado em mais conversas com Putin. Ele disse que sanções e tarifas seriam usadas como penalidades sobre Moscou caso não atendesse às demandas de Trump.
"Não há razão para esperar. Se você sabe qual será a resposta, por que esperar? E seriam sanções e talvez tarifas, tarifas secundárias", disse Trump. "Eu não quero fazer isso com a Rússia. Eu amo o povo russo."
A Ucrânia propôs uma cúpula entre Putin e Zelenskiy antes do final de agosto, mas o Kremlin disse que esse cronograma era improvável e que uma reunião só poderia acontecer como um passo final para garantir a paz.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse no sábado que, se o Ocidente quisesse uma paz real com a Ucrânia, pararia de fornecer armas a Kiev.
O presidente dos EUA tem expressado repetidamente irritação com Putin pelos ataques contínuos à Ucrânia, apesar dos esforços dos EUA para encerrar a guerra.
Trump tem destacado os sucessos em outras partes do mundo onde os Estados Unidos ajudaram a intermediar acordos de paz e tem se sentido lisonjeado por alguns líderes que sugerem que ele deveria receber o Prêmio Nobel da Paz.
"Estou decepcionado com o presidente Putin", disse Trump nesta segunda-feira. "Vou reduzir os 50 dias que dei a ele para um número menor, porque acho que já sei a resposta sobre o que vai acontecer."
Trump, que também enfrenta dificuldades para alcançar um acordo de paz em Gaza, tem promovido seu papel no fim dos conflitos entre a Índia e o Paquistão, bem como em Ruanda e no Congo. Antes de retornar à Casa Branca em janeiro, Trump fez campanha com a promessa de encerrar o conflito da Rússia com a Ucrânia em um dia.
"Achávamos que tínhamos resolvido isso inúmeras vezes, e então o presidente Putin sai e começa a lançar foguetes contra alguma cidade como Kiev e mata muitas pessoas em um asilo ou algo assim", afirmou Trump. "E eu digo que essa não é a maneira de fazer isso."
(Reportagem de Andrea Shalal e William James)
Fonte:
Reuters