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Mercado de ovos perde força na reta final do ano e relação de troca volta a pressionar granjas
Excesso de oferta derruba preços em São Paulo e principais centrais de abastecimento; queda nas cotações reduz o poder de compra do produtor e mantém relação de troca em níveis elevados.
Por Toninho Gaúcho
Publicado em 25/11/2025 14:16
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A primeira quinzena de novembro tem sido marcada por pressão baixista no mercado de ovos. Com a oferta acima da demanda, produtores e distribuidores enfrentam dificuldade para escoar a mercadoria, o que tem levado vendedores a flexibilizar os preços para reduzir os estoques, segundo levantamento da Scot Consultoria.

Na granja paulista, a caixa com 30 dúzias está sendo comercializada por cerca de R$ 105,50, queda de 7,9% em apenas uma semana. No atacado de São Paulo, o movimento é semelhante: recuo de 7,6% no mesmo período, com o produto negociado, em média, a R$ 110,00.

A consultoria ressalta que esses níveis de preços só haviam sido observados no início do ano, evidenciando a fragilidade atual do mercado. Para o curto prazo, a tendência permanece de pouca reação, com cenário ainda marcado por consumo lento e oferta elevada.

 

Com relação os preços reportados pelo Cepea nesta segunda-feira (25), as referências para os ovos brancos em Bastos/SP registraram estabilidade no comparativo diário, em que estão precificados em R$ 123,86 por caixa. 

Já para os ovos vermelhos, as cotações registraram ganhos de 0,44% na região de Bastos/SP e estão cotados em R$ 137,66 por caixa visto.

De acordo o levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA), a cotação do ovo tipo extra branco na região de Tupã/SP está em torno de R$125,00 a caixa com 30 dúzias. Já para o preço para o ovo tipo grande branco está cotado em R$ 122,00 a caixa com 30 dúzias em Tupã/SP.

No Ceasa Campinas, a referência para o ovo branco grande seguiu estável e está cotado em R$ 155,00 a caixa de 30 dúzias, enquanto os preços dos ovos vermelho extra estão sendo negociados em R$ 175,00 a caixa com 30 dúzias e também seguiu com estabilidade.

Já no Ceasa Minas Gerais, os preços dos ovos brancos grandes seguiram com estabilidade e está precificado em R$ 132,00 a caixa de 30 dúzias. Já os valores dos ovos vermelhos extra também estão estáveis e precificados em R$ 180,00 a caixa de 30 dúzias.

Para o Ceagesp, a cotação dos ovos brancos grandes tiveram recuo de 9,00% e estão sendo negociados em R$149,19 a caixa com 30 dúzias. No caso dos preços do ovos vermelhos extra apresentaram uma baixa de 3,49% e está cotado em R$ 184,49 a caixa de 30 dúzias.

Após o período de alta, os preços dos ovos iniciaram um processo consistente de queda. Entre maio e novembro, a cotação ficou majoritariamente abaixo de R$ 140,00 por caixa, com novos recuos no final do ano.

Com o enfraquecimento dos preços, o poder de compra do produtor também foi comprometido. A relação de troca voltou a subir e se manteve próxima ou acima da média anual de 8,71 caixas por tonelada de milho, indicando que as granjas passaram a precisar de mais produto para custear a alimentação das aves.

A relação de troca, que mostra quantas caixas de ovos são necessárias para comprar uma tonelada de milho, é um dos principais indicadores de rentabilidade na postura comercial. “Quando essa relação aumenta, o cenário se torna menos favorável, pois indica que o milho está proporcionalmente mais caro ou que o preço do ovo perdeu força no mercado”, destacou a Scot Consultoria. 

No fim de 2025, os dados apontavam um ambiente desafiador para o produtor. A queda nas cotações do ovo elevou a relação de troca para níveis entre 8 e 10 caixas por tonelada, o que pressionou as margens, especialmente nas granjas de menor porte.

Alguns meses, como outubro, chegaram a apresentar uma leve melhora, com pequena redução na relação de troca. Mesmo assim, esse alívio foi insuficiente para recuperar a competitividade observada no início do ano.

O levantamento da Scot Consultoria mostra que o setor de postura enfrentou um ano de contrastes. Enquanto o início de 2025 trouxe preços elevados e excelente poder de compra frente ao milho, a segunda metade do ano exigiu cautela, com queda nas cotações e margens mais apertadas.

Para 2026, o comportamento do milho e a tendência de oferta de ovos serão determinantes para a recuperação ou continuidade do cenário de pressão nas granjas. 

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